Estudo da FGV revela que a poluição do ar em salas de aula pode afetar o desempenho dos alunos, resultando em queda de até 76 pontos no ENEM. A pesquisa destaca a necessidade de políticas públicas para melhorar a qualidade do ar em ambientes escolares, visando proteger a saúde e o aprendizado dos estudantes.
Uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em Brasília revelou um dado preocupante: o ar dentro das salas de aula no Brasil pode estar comprometendo o desempenho dos alunos. De acordo com o estudo, a baixa qualidade do ar em ambientes escolares pode ter resultado em uma queda de até 76 pontos nas notas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).
O estudo, liderado pelo professor Weeberb Réquia, da FGV Brasília, mostrou que a concentração de material particulado no ar ao redor das escolas analisadas atingiu uma média de 9,5 microgramas por metro cúbico (g/m³). Esse valor é quase o dobro do limite recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 5g/m³. Grande parte dessa poluição acaba infiltrando-se nas salas de aula, impactando negativamente a saúde e o desempenho cognitivo dos estudantes.
Efeitos da Poluição no Sistema Nervoso
Os poluentes presentes no ar escolar podem atingir o sistema nervoso, causando estresse oxidativo e neuroinflamação, o que prejudica as capacidades cognitivas dos alunos. “Nosso objetivo é apoiar a criação de políticas eficazes para melhorar a saúde e o desempenho dos estudantes. Em um país onde o ingresso nas universidades é tão competitivo, pequenas variações nas pontuações dos exames podem ser determinantes”, destacou o professor Réquia.
Impactos e Medidas Necessárias
A pesquisa abrangeu 25.390 escolas de todo o país, entre os anos de 2000 e 2020, utilizando dados de satélite para calcular as taxas de poluição. A importância de políticas públicas eficazes para a melhoria da qualidade do ar em ambientes internos foi reforçada por especialistas, como Henrique Cury, membro do Qualindoor da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava).
Cury destacou que, segundo a Agência de Proteção Ambiental Americana (EPA), a qualidade do ar interno pode ser de duas a cinco vezes pior que a do ar externo. “Inadequações na qualidade do ar em ambientes internos são fatores de risco reconhecidos para a saúde humana, impactando produtividade, causando absenteísmo e até mortes”, afirmou.
A Caminho de Novas Políticas
Com o objetivo de garantir uma melhor qualidade do ar em ambientes fechados, tramita no Senado o Projeto de Emenda à Constituição (PEC) 007/2021, de autoria da senadora Mara Gabrilli. A PEC, que atualmente está na Comissão de Constituição e Justiça, visa incluir o direito à qualidade do ar entre os direitos e garantias fundamentais no Brasil.
Leonardo Cozac, presidente da Sociedade Brasileira de Meio Ambiente e Controle de Qualidade do Ar de Interiores (Brasindoor), ressalta a necessidade urgente de monitorar a qualidade do ar de maneira contínua. “Precisamos encarar a qualidade do ar interno com a mesma seriedade que tratamos a qualidade da água que bebemos”, afirmou.
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